Quando consideramos o contexto das cidades, ao mesmo tempo que a violência urbana é um reflexo dos problemas e das desigualdades sociais, ela também reflete no território e na nossa forma de viver. Em outubro, no dia 2, foi celebrado o Dia Internacional da Não-Violência – inspirado nisso, destacamos aqui uma série de projetos para refletir sobre formas não-violentas de ocupar os espaços públicos.
Em 2018 a organização de sociedade civil mexicana Justiça e Paz desenvolveu um levantamento que aponta as 50 cidades mais violentas do mundo, baseado nas taxas de homicídios a cada 100 mil habitantes. Dessas, o Brasil lidera com 17 das 50 cidades mais violentas, seguido pelo México com 12, Venezuela com 5 e Estados Unidos com 4. Ao mesmo tempo, o Índice de Gini, coeficiente utilizado para analisar a diferença de renda de uma população, mostra que os quatro países citados, bem como os outros presentes no ranking, apresentam índices altos, entre 41 e 53, o que significa que são países com alta desigualdade de renda entre sua população. É importante destacar que todos esses países foram colonizados e têm em sua história genocídios e escravidão em massa que repercutiram em uma lógica social que marginaliza minorias.
Todos esses aspectos se manifestam de diversas formas na nossa sociedade, desde a dificuldade no acesso a direitos básicos como educação, emprego, saúde e lazer, até as formas de ocupação do território. A partir da formação de grupos marginalizados e vulneráveis a sociedade desenvolveu mecanismos para expulsão de espaços públicos, criando obstáculos físicos (e também sociais) que impedem as pessoas de usarem e frequentarem os lugares livremente como desejam ou necessitam. Soma-se a isso o rápido crescimento das cidades que se urbanizaram desreguladamente e uma urbanização pautada pelo rodoviarismo e o resultado são cidades com estratégias físicas que expulsam parte da população do território e também enfrentam a falta de espaços públicos generosos e que não consideram as necessidades locais.
Assim, os exemplos trazidos a seguir são espaços públicos que consideram a população igualitariamente, propondo atividades diversas, espaços de descanso, contemplação, contato com a natureza, sombra e convívio com a diversidade:
Praça Superilla de Sant Antoni / Leku Studio
Buscando a criação de novos espaços públicos transformando antigos espaços dedicados aos automóveis, o Programa Superilles, do qual a Praça Superilla faz parte, é um plano que restabelece a ordem urbana centrada nas pessoas, criando praças de proximidade nos espaços disponíveis que antes eram rodovias urbanas.
Azatlyk - Praça Central de Naberezhnye Chelny / DROM
Neste projeto, transformou-se a praça em um espaço público dinâmico, com ambientes de múltiplas funções e qualidades que são inclusivas para diferentes grupos de pessoas. A partir do desenho, busca-se aproximar as pessoas da vegetação existente, proporcionando aos visitantes proteção às intempéries e conectando-os diretamente à vizinhança ao redor.
Planeta Vermelho / 100architects
Esta intervenção em um espaço coletivo dentro de um empreendimento comercial buscava criar algo imaginativo, inspirador e inovador, atraindo clientes e entretendo-os e transformando uma área de circulação em um espaço de permanência.
Prodac / ateliermob
Este projeto é resultado da parceria entre o ateliermob e as Associações de Moradores dos bairros da Prodac Norte e Sul. Após a regularização das habitações autoconstruídas, buscou-se trabalhar nos espaços públicos, a começar pela construção de um anfiteatro para viabilizar as assembléias do bairro, e também servir como espaço de permanência e facilitar o fluxo dos moradores.
Reurbanização da orla do lago Paprocany / RS+
A remodelação da zona recreativa no lago é outro projeto que se centrou na exposição dos valores da paisagem e na expansão da oferta recreativa para os residentes da cidade, promovendo diferentes mobiliários e espaços para estar e contemplação.
Terminal Rodoviário e Requalificação Urbana em São Luís / Natureza Urbana
A orla que circunda o terminal se mostrava problemática do ponto de vista da segurança pública. O projeto de requalificação teve como objetivo incentivar o uso desses espaços pelas pessoas,introduzindo programas como pista de skate, parque infantil e área para prática de esportes
Parque Público em Tultitlán / PRODUCTORA
Localizado dentro da unidade habitacional Hogares Castera, no município de Tultitlán, o Parque consiste em um corredor de concreto de 15m de largura por 200m de comprimento onde vários elementos construídos em concreto com cor integral são agrupados para formar espaços recreativos.
Parque Fresnillo / Rozana Montiel | Estudio de Arquitectura + Alin V. Wallach
Este projeto trata da transformação de um canal pavimentado em uma praça de lazer dentro de uma unidade habitacional em Fresnillo, Zacatecas, aproveitando da necessidade de criar uma passarela para fazer uma conexão universalmente acessível com brinquedos integrados e uma esplanada abaixo, transformando o espaço num lugar de encontros e com iluminação noturna.
Intervenção Rodda Lane / Sibling Architecture
Este projeto consiste na transformação de espaços subutilizados de uma Universidade em locais vivos e acolhedores. O labirinto de vielas é transformando, se tornando um novo ponto focal no campus da cidade por meio da adição de espaços flexíveis ao ar livre que contribuem para o bem-estar dos alunos.
Micro Parque Comunidade de Songzhuang / Crossboundaries
O Micro Parque busca regenerar uma área linear adjacente a um estacionamento, transformando-a em um animado parque comunitário ao ar livre. O principal componente da estrutura é uma parede de tijolos cinza perfurada com assentos integrados que serve como parquinho para crianças, e encontro e descanso para adultos.